Tenha uma reserva financeira: Para este tipo de situação, investimentos de baixa liquidez (como terrenos, por exemplo) não ajudam muito. O ideal é ter condições de ter imediatamente disponíveis, ou facilmente conversíveis, recursos em dinheiro equivalentes a 3 meses do seu salário líquido, para ter segurança de que as contas continuarão sendo pagas normalmente no primeiro mês, e que um eventual aperto de cintos posterior possa ser feita com razoável grau de controle. Se você tem investimentos sem liquidez, pense em futuramente converter uma parte deles para uma alternativa como a descrita acima, mesmo que renda bem menos. Se você não tem nenhuma poupança, essa pode ser uma razão a mais para começar o fundo de reserva.
Mantenha atualizado seu currículo: E não é pelo motivo que você pensou: sair distribuindo currículos imediatamente no dia seguinte ao da demissão nem é algo que você deveria fazer. A razão de manter atualizado o seu
currículo é que assim você fica sempre sabendo quais são seus diferenciais e o quanto você é um profissional atualizado. Tenho visto recentemente vários casos de profissionais que subitamente precisaram procurar emprego, e só aí percebiam que não faziam nenhum curso há 12 anos, não eram especializados em nada, não tinham experiências profissionais dignas de menção. Começar a manter atualizado o currículo pode evitar esta surpresa na hora errada, pois estimula a encontrar o que mencionar.
Enriqueça permanentemente o seu currículo: continuando a dica acima, você precisa ter o que dizer no seu currículo. No trabalho, procure se envolver em projetos e atividades que mereçam ser mencionados. Na sua comunidade, participe do centro comunitário, de alguma ONG ou de iniciativas que possam tirar proveito das suas aptidões, e nas quais você possa desempenhar algum papel que faça a diferença (como bônus, assim você também pode aumentar seu networking). Academicamente, faça cursos de extensão, aprenda algo que o mercado valoriza (como um idioma, informática, estatística, técnicas de vendas, resolução de conflitos, matemática financeira, ou o que for) ou dê um jeito de obter uma graduação ou pós-graduação - hoje dá para fazer isso até via Internet. Em paralelo, participe ativamente de grupos ou comunidades relacionados à sua profissão, busque contribuir com revistas ou sites da área, faça seu nome aparecer. Em suma: use os mesmos truques que quem está iniciando na carreira pode usar para
dar brilho ao currículo.
Fortaleça vínculos e expanda seu círculo de contatos: o chamado networking funciona bem, mas só para quem se dedica a ele também quando não está precisando. Manter contato é fácil e pode ser até bastante espontâneo, envolvendo lembrar do aniversário dos amigos e mandar mensagens pessoais (nada de cartões enlatados do Orkut!), um telefonema ocasional, um e-mail a cada 3 ou 4 meses, e uma agenda de contatos bem organizada. Fazer cursos e participar ativamente da sua comunidade local e profissional são maneiras de expandir seu círculo de contatos, mas não pense que simplesmente obter uma lista com os telefones e e-mails de todos eles ao final da reunião já conta a seu favor - isso seria o equivalente a voltar do supermercado com um envelope de sementes, que só servirão para alguma coisa se você cultivá-las. Assim, você não vai se ver na situação chata de se ver sem ter a quem recorrer para obter indicações e dicas na hora em que precisar procurar trabalho, e nem vai fazer aquelas ligações que ninguém gosta de receber, de pessoas que não nos procuram há 20 anos, e só surgem quando têm um problema.
Acompanhe ativamente o seu mercado de trabalho: acompanhar passivamente, lendo as notícias e mantendo-se informado, é positivo, mas não é suficiente. O ideal é acompanhar ativamente, buscando fortalecer contatos com pessoas da mesma profissão que atuem em outras empresas (do mesmo ramo ou não), parceiros, fornecedores, consultores. Se possível, seja voluntário de alguma organização de ensino ou aprendizado da sua profissão, escreva artigos para as publicações da área ou da imprensa local, vá às reuniões do seu conselho ou associação profissional. Um sábio conselho, que ouvi há tempo e acredito, é que a melhor forma de obter um bom emprego é ter amigos bem empregados.
Envolva-se em atividades comunitárias na sua empresa: Se sua empresa tiver CIPA (comissão interna de prevenção de acidentes), brigada voluntária de incêndio, clube do livro ou outras atividades não-remuneradas e voluntárias, procure participar, e se possível integrar a diretoria - especialmente se não houver fricção política contra a administração da empresa. Se você fizer bem-feito e com foco na sua carreira, isso faz o seu nome aparecer localmente, abre caminhos e oportunidades, e ainda pode ser um item a mais no seu currículo.
Tenha uma fonte de renda adicional na família: Existem muitas possibilidades: aluguel de um imóvel, prestação de serviços, o salário de outro familiar, revenda de produtos, dividendos e tantos outros. Nenhum é fácil de obter, mas são fatores importantes de segurança profissional, e podem ser o pára-quedas necessário na hora do aperto. Na hora de escolher seus investimentos, considere este fator quando for definir seu mix.
Produza, mas também fique atento às suas atitudes no trabalho: na hora fatídica em que seu superior for chamado a reduzir em 25% a sua força de trabalho, ele não vai considerar apenas a produção de cada um, ou o quanto é importante a tarefa que cada um desempenha. Se ele for bom nisso, ele vai parar para pensar na qualidade da interação do grupo após a saída dos demais, e aí são as atitudes e a forma de se relacionar com os colegas que contam. Não é necessário se destacar como um líder, mas você deve evitar ser apagado ou detestado.
Invista em uma carreira paralela: e, se possível, autônoma. Existem muitos cursos e práticas que você pode buscar para aprender a atuar profissionalmente e de forma independente da empresa que lhe emprega. Mas, faça o que fizer, não permita que a empresa o veja como um potencial concorrente, nem misture os dois mundos - o da sua “carreira solo” e o da empresa -, senão o feitiço pode acabar se voltando contra o feiticeiro, e a sua busca por segurança em uma eventual demissão pode acabar se transformando na causa dela.
Cuidado com o medo: o medo da demissão às vezes leva o profissional a tomar as decisões erradas. Cautela sempre é bom, mas você precisa saber calcular riscos e assumir responsabilidades. Quem lidera precisa fazer muitas escolhas, mas quem atua em equipe também faz as suas. Esquivar-se delas, fugir à responsabilidade e buscar apenas as alternativas isentas de risco torna você um integrante preferencial na lista dos que serão descartados em qualquer corte, pois sua ausência fará pouca diferença ou falta. É melhor correr um pouco mais de riscos, bem calculados, e assim poder ser visto como peça-chave.
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